Cena do filme "Cinquenta Tons de Cinza" |
Em cartaz em mais de mil salas de cinema do Brasil, o filme
“50 tons de cinza”, adaptação do primeiro volume da trilogia best-seller de E.
L. James, segue gerando polêmica. Em Erechim, no Rio Grande do Sul, a obra foi
alvo de uma passeata na segunda-feira (16) a favor da “sexualidade saudável”. A
manifestação reuniu cerca de 200 pessoas e foi organizada pelo pastor Geraldino
Junior, líder do grupo de jovens da Igreja Assembleia de Deus da cidade.
O pastor tem orientado fiéis a não lerem a obra e nem assistirem
ao longa-metragem. “Sadomasoquismo é buscar prazer em impor sofrimento físico
ou moral ao outro. Não somos contra quem assiste ao filme ou quem vai assistir.
Estamos numa democracia. Somos contra a mensagem. O sadomasoquismo apresenta
uma sexualidade sem amor, sem carinho. Isso que a gente quer mostrar para a
juventude”, defende o religioso em entrevista ao G1.
O pastor conta que a ideia para o ato, organizado em meio
aos festejos de carnaval, surgiu durante um congresso no feriado. Entre outros
temas, os participantes discutiram “sexualidade saudável, pureza e romance”. No
fim de uma das palestras, o grupo decidiu protestar contra o sadomasoquismo
como forma de satisfação sexual. Foi quando o filme da diretora Sam
Taylor-Johnson virou assunto.
No entanto, segundo o pastor, não foi um ato de protesto,
mas uma crítica a tanta atenção dada ao longa-metragem. “O filme mostra um
masoquismo de abuso. Ela tem baixa autoestima. Ele domina, manipula. E ela se
sente desejada através dos presentes que ganha porque ela acredita que no final
da trilogia ele vai amá-la. Mas na vida real não é assim. Aí entra Lei Maria da
Penha”, cita, em referência à violência doméstica.
Para o pastor Geraldino, que também é advogado, o
longa-metragem deveria ser permitido somente para maiores de 18 anos. A
classificação indicativa é de 16 anos. “Creio que nenhuma mãe gostaria de ver
sua filha vivendo uma experiência assim. A própria atriz trouxe isso a
público”, acrescenta, ao mencionar a declaração da protagonista Dakota Johnson.
Em entrevista a uma revista americana, ela disse que “proibiu” os pais de a
assistirem no cinema devido ao conteúdo “inapropriado”, segundo ela.
Os mais de 100 milhões de exemplares vendidos do primeiro
livro da trilogia de E. L. James foram a principal motivação para Hollywood
levar o soft porn best-seller ao cinema. Os protagonistas da história são a
ingênua estudante universitária Anastasia Steele e o milionário, sedutor e
dominador Christian Grey. No filme, Grey é vivido pelo ator Jamie Dornan. A
relação esquenta quando ele revela suas peculiares fantasias sexuais e faz ela
assinar uma espécie de “contrato de submissão”.
“A sexualidade faz muito sucesso. A beleza humana atrai. E
sexualidade é um fator biológico. Um filme com pessoas lindas e com essa temática
vai, sim, atrair muitos jovens. A minha preocupação é que esse conteúdo é de
fácil acesso. Uma menina de 11 anos pode pegar esse livro na biblioteca, na
livraria, não há restrição. E ela pode querer praticar esses atos. Como líderes
de jovens na igreja, nós temos responsabilidade sobre a juventude”, avalia ele.
Em menos de uma semana em cartaz nos cinemas, “50 tons de
cinza” tem dividido opiniões. Alguns criticam o romance de E. L. James por
reforçar estereótipos e incentivar a submissão da mulher; outras fãs, porém,
reclamam que a adaptação do livro para o cinema ficou “muito leve” e teria
transformado a história em mais uma comédia romântica.
Nenhum comentário:
Postar um comentário