quinta-feira, 21 de maio de 2015

'Love' cria polêmica e escândalo em Cannes com sexo explícito em 3D


O escândalo anunciado na Croisette com a exibição do filme mais recente de Gaspar Noé, "Love", criou polêmica nesta quinta-feira (21), com aplausos, críticas irônicas e até mesmo zombarias.

Com cenas de sexo explícito, "Love", filmado em 3D, deixa pouco à imaginação: ejaculações em close, orgia em um clube de sexo, travestis...

Cena do filme 'Love'
Escalado na seleção oficial, o longa foi exibido fora de competição, na sessão da meia-noite.

Um filme anterior deste diretor, nascido na Argentina, "Irreversível", já havia chocado a Croisette em 2002.

Os cartazes foram um prenúncio do filme, um deles com um pênis em primeiro plano.

Gaspar Noé, de 51 anos, explicou ter optado por filmar em 3D porque a técnica dá ao espectador "um maior sentimento de identificação com o personagem principal e seu estado melancólico".

Há vários anos, os pornôs clássicos têm sido filmados em 3D.

Mais de 2 mil pessoas formaram uma fila muito antes do início da exibição, pouco depois da meia-noite de quinta-feira, mas dezenas de expectadores com ingresso não conseguiram entrar no Palais des Festivals e protestaram.

O filme narra as memórias de Murphy, um cineasta, que recorda sua história de amor, paixão, jogos e excessos.

O cineasta, que vive e trabalha na França, quis "mostrar o estado de amor mais carnal", de acordo com as notas da produção.

"Por anos, eu sonhava em fazer um filme que poderia reproduzir a paixão de um casal apaixonado em todos os seus excessos físicos e emocionais", acrescenta.

"Um melodrama contemporâneo, incluindo cenas de sexo e que transcende a regra ridícula que diz que um filme clássico não pode conter cenas explicitamente sexuais, porque todo mundo gosta de fazer amor."

"Eu quero filmar o que o cinema raramente permite filmar, ou por razões comerciais ou por razões legais", concluiu Noé.

O diretor responsável pela seleção de Cannes, Thierry Frémaux, apresentou o filme ao anunciar ao público que "conheceu muito, muito bem os personagens em duas horas".

Nesta quinta-feira, ele defendeu a abordagem do cineasta.

"Gaspar Noé fez um filme que a gente adora ou odeia. A literatura ou a pintura visitam a questão da representação do corpo, do sexo, do amor físico. Muitos poucos cineastas o fizeram em 120 anos de história do cinema: Bertolucci, Oshima, Bellocchio, Lars von Trier e Gaspar Noé".

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